‘A Queda do Céu’: reflexões junguianas sobre o alerta xamânico de Davi Kopenawa
Palavras-chave:
“A Queda do Céu”, Davi Kopenawa, cultura Yanomami, interdependência, anima mundi, psicóide, cultura-naturezaResumo
Neste artigo serão apresentadas algumas considerações junguianas sobre a narrativa etnográfica intitulada “A Queda do Céu”, buscan- do demonstrar, por meio de uma análise comparativo-reflexiva, perspectivas em comum entre a visão do xamã Yanomami, Davi Kopenawa e as ideias do Psiquiatra suíço, Carl Gustav Jung. Para tal, será necessário apresentar alguns princípios da crítica indígena sobre o modo de relação das sociedades tecnológicas com a natureza - marcada pela exploração dos recursos naturais e desrespeito à cultura indígena. Refletir sobre os pontos em comum entre esta visão nativa, descrita na obra em questão e a Psicologia Complexa, sobretudo pelo viés ao qual Jung denominou arquétipo psicóide, em que a relação corpo-mente-mundo encontra-se em ressonância e em íntima relação de interdependência. Sendo assim, o objetivo central deste trabalho é elaborar um diálogo entre o pensar mítico e a teoria junguiana, no sentido de observar de que modo ambas perspectivas apontam conexões intrínsecas entre natureza e cultura.
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