Cartografias de mulheres no asfalto: diálogos sobre o complexo cultural do machismo

Autores

  • Alvena Seixas
  • Juliana Mendonça

DOI:

https://doi.org/10.70435/junguiana.v41i3.55

Palavras-chave:

complexo cultural do machismo, imaginação ativa, psicologia analítica, arte urbana

Resumo

Neste texto, a autora adota uma metodologia ensaística impulsionada pelo desejo de devolver a polis da alma à poesia. A partir da técnica de imaginação ativa desenvolvida por Jung, a autora estabelece um diálogo com um grafite situado em Salvador, Bahia. Essa obra é parte da série “Luto” concebida pela artista baiana Thalita Andrade. O grafite em questão retrata uma mulher, cuja imagem sofreu importantes transformações durante o período do governo de Jair Bolsonaro, tornando-se objeto de reflexão mais direto sobre as mudanças políticas e culturais em curso na sociedade brasileira. Nessa perspectiva, este artigo se propõe a analisar o quanto a mudança da imagem grafitada, aparentemente tão circunscrita, pode também refletir uma necessidade de mudança coletiva. Para tanto, além do conceito pós-junguiano de complexos culturais, a autora faz uso da teoria junguiana sobre energia psíquica, aliada ao aporte proveniente dos campos da história da arte e da literatura.

Biografia do Autor

Alvena Seixas

A autora criou o nome “Alvena Seixas” por meio de um processo de imaginação ativa, inspirada por uma imagem de grafite em Salvador, Bahia.

Juliana Mendonça

Psicoterapeuta e Arterapeuta Junguiana. Mestre em Artes Visuais pela Universidade Federal da Bahia com Co-orientação do Departamento de Psicodinâmica da PUC-SP. Professora de especialização em Teoria Junguiana na Universidade Federal da Bahia.

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Publicado

26-08-2024

Como Citar

Seixas, A., & Mendonça, J. (2024). Cartografias de mulheres no asfalto: diálogos sobre o complexo cultural do machismo. JUNGUIANA , 41(3), 39–52. https://doi.org/10.70435/junguiana.v41i3.55

Edição

Seção

Artigos