Depressão: a dor da alma de quem perdeu-se de si mesmo

Autores

  • Maria Zelia de Alvarenga International Association for Analytical Psychology

Palavras-chave:

depressão, dor da alma, alma como demanda para trair o estabelecido, perder-se de si mesmo, mito de Orfeu, logos espiritualizado e Sabedoria Profunda, as quatro questões kantianas

Resumo

A depressão, no sentido simbólico, é a melhor expressão da dor da alma que se perdeu de sua própria natureza. Depressão como um estado de aprisionamento. Os seres vivos estão sempre em transformações físicas, psíquicas, socioculturais e noéticas. Quando as transformações não encontram espaço para se expressar, surge o sofrimento. A solução seria romper e, quando não se consegue, a depressão surge. A busca da possibilidade de refazer a ligação com o outro poderá ser feita por um processo via logos espiritualizado. O mito de Orfeu é usado para explicitar a perda da coniunctio com a anima e a segunda busca de si mesmo pelo caminho da Sabedoria Profunda. Essa busca pode ser traduzida também pelas questões kantianas: Quem sou eu? Por que estou aqui? Qual o sentido da minha vida? Qual é minha responsabilidade diante de tudo que me cerca? A conclusão sobre o texto define a condição do entender que o se perder de si mesmo, fundamento da depressão, encontra respostas, num segundo momento da vida, pelo conhecimento, via logos espiritualizado e veiculado pela Sabedoria Profunda.

Biografia do Autor

Maria Zelia de Alvarenga, International Association for Analytical Psychology

Médica (FMUSP-1966), psiquiatra (AMB), analista junguiana - SBPA (Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica) e afiliada à IAAP (International Association for Analytical Psychology). Livros publicados: Mitologia Simbólica (em colaboração); O Graal: Arthur e seus Cavaleiros (em português e inglês – editora Karnac); Édipo, um herói sem proteção divina; Ulisses o herói da astucia (em colaboração com Sylvia Baptista); Por que os deuses castigam? (todos pela Casa do Psicólogo); Os deuses castigam? Anima/Animus de todos os tempos (em colaboração).

Referências

ALVARENGA, M. Z. et al. Mitologia simbólica: estruturas de psique e regências míticas. Itatiba: Casa do Psicólogo, 2007.

BONDER, N. A alma imoral: traição e tradição através dos tempos. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

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PESSOA, F. Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983.

Publicado

01-07-2022

Como Citar

Alvarenga, M. Z. de. (2022). Depressão: a dor da alma de quem perdeu-se de si mesmo. Junguiana, 40(2), 185–194. Recuperado de https://junguiana.sbpa.org.br/revista/article/view/224

Edição

Seção

Artigos