Corrupção no Brasil: uma visão da psicologia analítica
Palavras-chave:
Corrupção, Complexo cultural, Trauma cultural, Malandro, Bem e malResumo
Nos últimos anos, a mídia internacional expôs vários escândalos relacionados à corrupção, que demonstraram não só a fragilidade dos sistemas políticos mas também a escala global da corrupção. A corrupção não é apenas um tema da moda, mas um fenômeno global gravíssimo que parece ter peculiaridades entre os países. No Brasil, a corrupção é um problema que oprime a sociedade, mas que parece estar diretamente relacionado à identidade coletiva do brasileiro e, para muitos, ela é intrínseca ao “jeitinho brasileiro”. Apesar de a corrupção ser um assunto de discussão recorrente para diferentes campos de estudo, a maioria das teorias existentes sobre a corrupção é unilateral e parcial. Elas se concentram em apenas uma parte do problema, colocando a responsabilidade ou na falta de moralidade de brasileiros e seus políticos ou na ineficiência do sistema judiciário. A opinião do público leigo é superficial e tende a concluir de maneira projetiva que a corrupção é responsável por todos os problemas do país. A psicologia analítica pode contribuir com novas abordagens para o estudo do fenômeno da corrupção. Aplicando valores psicoterapêuticos a questões políticas, esta pesquisa pode vir a ajudar psicoterapeutas a abrir.
Referências
ARAÚJO, F. C. D. Da cultura ao inconsciente cultural: psicologia e diversidade étnica no Brasil contemporâneo. Psicologia: ciência e profissão, Brasília, v. 22, n. 4, p. 24-33, 2002.
ASHFORTH, B. E.; ANAND, V. The normalization of corruption in organizations. Research in organizational behavior, v. 25, p. 1-52, 2003.
BARCELLOS, G. South and the soul. In: AMEZAGA, P. et al. Listening to Latin America: exploring cultural complexes in Brazil, Chile, Colombia, Mexico, Uruguay and Venezuela. New Orleans: Spring Journal, p. 17-30, 2012.
BASSIL-MOROZOW, H. The trickster and the system. Hove: Routledge, 2015.
BEEBE, J. Integrity in depth. College Station: Texas A&M University Press, 1992.
BOECHAT, W. Cordial racism: race as a cultural complex. In: AMEZAGA, P. et al. Listening to Latin America. New Orleans: Spring Journal, p. 31-50, 2012.
BOECHAT, W. A alma brasileira: luzes e sombra. Petrópolis: Vozes, 2014.
BRIZA, D. H. R. A mutilação da alma brasileira: um estudo arquetípico. São Paulo: Vetor, 2006.
BYINGTON, C. A. B. A identidade brasileira e o complexo de vira-lata. Junguiana, São Paulo, v. 31, n. 1, p. 71-80, jan-jun 2013.
CÂMARA, E. F. S. Dom Pedro II e a psicologia da identidade brasileira. São Paulo: Sociedade, 2013.
DAMATTA, R. O faz o Brasil, Brasil. Rio de Janeiro: Rocco, 1986.
DAMATTA, R. Carnivals, rogues, and heroes: an interpretation of Brazilian dilemma. Notre Dame: University of Notre Dame Press, 1991.
DION, M. Corruption and ethical relativism: what is at stake? Journal of financial crime, v. 17, n. 2, p. 240-250, 2010.
DUNGY, T. Uncommon. Winter Park: Tyndale House Publishers, 2011.
GAMBINI, R. Indian mirror: the making of the Brazilian soul. São Paulo: Axis Mundi – Terceiro Nome, 2000.
HOLANDA, S. B. de. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. p. 141-151.
JACOBY, M. Shame and the origins of self-esteem. East Sussex: Routledge, 1996.
JUNG, C. G. Estudos sobre psicologia analítica. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1981. (Obras completas, v. 7).
JUNG, C. G. Aion: estudos sobre o simbolismo do si-mesmo. Petrópolis: Vozes, 1982. (Obras completas, v. 9/2).
JUNG, C. G. A prática da psicoterapia. Petrópolis: Vozes, 1988. (Obras completas, v. 16).
JUNG, C. G. A dinâmica do inconsciente. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1991. (Obras completas, v. 8).
JUNG, C. G. Psicologia em transição. Petrópolis: Vozes, 1993. (Obras completas, v. 10).
JUNG, C. G. A vida simbólica. Petrópolis: Vozes, 2000. (Obras completas, v. 18/2).
JUNG, C. G. The collected works of C. G. Jung: complete digital edition. Princeton: Princeton University Press, 2014.
JUNG, E. (1995). Animus e anima. São Paulo: Cultrix.
LEAL, R. C. Notas sobre a psique brasileira: o arquétipo do mestiço. In: CONGRESO LATINOAMERICANO DE PSICOLOGIA JUNGUIANA. Anales... Santiago: Bachino, M.; Montt, I,. 2009. p. 308-314.
LU, K. Can individual psychology explain social phenomena? An appraisal of the theory of cultural complexes. Psychoanalysis, Culture & Society, v. 14, n. 4, p. 386-404, 2013.
MENDONÇA, R. Pela 1ª vez, corrupção é vista como maior problema do país, diz Datafolha. Folha de São Paulo, 29 de nov. de 2015. Disponível em <http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/11/1712475-pela-1-vez-corrupcao-e-vista-como-maior-problema-do-pais.shtml>. Acesso em: 05 mar. 2016.
MOORE, C. Psychological perspectives on organizational corruption. Charlotte: Information Age Publishing, 2009. p. 35-71.
NEUMANN, E. Depth psychology and a new ethic. Boston: Shambhala, 1990.
NOVAES, C. Corrupção e a deturpação do jeitinho brasileiro. Jornal Harmonia, ano XIII, n. 151, jun. 2016.
ODAJNYK, V. W. Jung and politics: the political and social ideas of C. G. Jung. Lincoln: Authors Choice Press, 2007.
RABL, T. Private corruption and its actors. Lengerisch: Pabst Science Publishers, 2008.
RAMOS, D. G. Corruption: symptom of a cultural complex in Brazil? In: SINGER, T.; KIMBLES, S. L. The cultural complex: contemporary Jungian perspectives on psyche and society. Hove and New York: Brunner-Routledge, 2004. p. 102-123.
RODRIGUES, N. À sombra das chuteiras imortais: crônicas de futebol. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
SAMUELS, A. Politics on the couch. London: Profile Books, 2001.
SAMUELS, A. The political psyche. Nova York: Routledge, 2004.
SCOTT, J. C. Handling historical comparisons cross-nationally. In: HEIDENHEIMER, A. J.; JOHNSTON, M. Political corruption: concepts & contexts. 3. ed. New Jersey: Transaction Publishers, 2009.
SHAMDASANI, S. Jung and the making of modern psychology. Cambridge: Cambridge University Press, 2003.
SINGER, T. Introduction. In: AMEZAGA, P. et al. Listening to Latin America. New Orleans: Spring Journal, 2012. p. 1-13.
STEIN, M. Jung on evil. East Sussex: Routledge, 1995.
VON FRANZ, M.-L. A função inferior. In: VON FRANZ, M.-L.; HILLMAN, J. A tipologia de Jung. 6. ed. São Paulo: Cultrix, 2007.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Camila Souza Novaes

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.