Uma teoria simbólica da história. O mito cristão como principal símbolo estruturante do padrão de alteridade na cultura ocidental

Autores

  • Carlos Amadeu B. Byington Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica. Associação Internacional de Psicologia Analítica.

Palavras-chave:

antropologia simbólica, história simbólica, self cultural, alteridade, patologia cultural, dissociação de self cultural, inquisição, renascimento, defesas patológicas do self cultural, histeria

Resumo

O artigo busca desenvolver uma conceituação de Antropologia Simbólica que possa perceber e estudar o Self Cultural a partir de quatro estruturas arquetípicas básicas: matriarcal, patriarcal, alteridade e cósmica, na sua transformação histórico-evolutiva da Consciência Individual e Coletiva por intermédio de símbolos estruturantes. Esta metodologia nos permite estudar a interação dos símbolos estruturantes de culturas diferentes nas sociedades pluriculturais em contexto dinâmico e igualitário. Esta perspectiva simbólica aplicada à História da Cultura Ocidental se destina a estudar a transição da dominância patriarcal para a alteridade por intermédio dos símbolos estruturantes do Mito Cristão. Simbolicamente, os 14 séculos de Inquisição são vistos reintensificando o dinamismo patriarcal a ponto de patriarcalizar o Mito Cristão, estabelecer a dicotomia Cristo-Diabo e levar à dissociação do Self Cultural no século XVIII, produzindo uma grave fixação cultural no desenvolvimento da alteridade no Ocidente daí em diante. São discutidos alguns aspectos dessa dissociação cultural e enfatizada a importância do conceito de Patologia Cultural e de resgate do dinamismo matriarcal ferido.

Biografia do Autor

Carlos Amadeu B. Byington, Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica. Associação Internacional de Psicologia Analítica.

Médico Psiquiatra e Analista Junguiano. Membro fundador da Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica. Membro da Associação Internacional de Psicologia Analítica. Criador da Psicologia Simbólica Junguiana. Educador e Historiador.

Referências

BACHOFEN, J. J. Myth, religion and mother right. Princeton, NJ: Princeton University, 1967. (Selected writings of J. J. Bachofen. Bollingen Series 84).

BOAZ, F. Evolution or diffusion? American Anthropologist, v. 26, n. 1, p. 340-4, jul./set. 1924. https://doi.org/10.1525/aa.1924.26.3.02a00040

BRANDÃO, J. S. Curso de mitologia grega. Rio de Janeiro, RJ: Faculdade Candido Mendes, 1982.

BRIERRE-NARBONNE, J. Les prophéties messianiques de Láncien testament dans la littérature juive. Paris: Librairie Orientaliste Paul Geuthner, 1933.

BYINGTON, C. Uma leitura simbólica da luta de classes. Rio de Janeiro, RJ: Clínica Social de Psicanálise, 1980.

BYINGTON, C. Símbolo, identidade e self cultural: con- tribuição à busca de uma identidade brasileira pluricultural. Salvador, BA: Secneb, 1982a. (Seminário: Simbologia e Linguagem, jan. 1982).

BYINGTON, C. A Riqueza simbólica do futebol. Revista de Psicologia Atual, São Paulo, v. 5, n. 25, abr. 1982b.

BYINGTON, C. The post-patriarchal pattern in psychother- apy. In: INTERNATIONAL CONGRESS FOR ANALYTICAL PSYCHOLOGY, 8, San Francisco, 1980. Proceedings… Fellbach: Bonz, 1983.

CAZENEUVE, J. Lucien Levy-Bruhl: sa vie, son oeuvre, avec un exposé de as pholosophie. Paris: Université de France, 1963.

CHARDIN, P. T. L´énergic humaine. Paris: Seuil, 1962. ENCYCLOPÆDIA BRITANNICA. Animism. In: GARVIN, J. L. (Ed.). Encyclopedia Britannica. London, 1961a.

ENCYCLOPÆDIA BRITANNICA.Inquisition. In: GARVIN, J. L. (Ed.). Encyclopedia Britannica. London, 1961b.

ENGELS, F. A origem da família, da prosperidade privada e do estado. Rio de Janeiro, RJ: Civilização Brasileira, 1977.

FRAZER, J. The golden bough: the magic art. London: Macmillan, 1890.

GIEGERICH, W. Ontogeny x phylogeny? New York, NY: Spring, 1975.

HEGEL, G. W. F. Reason in history. New York, NY: The Liberal Arts, 1953.

JUNG, C. G. The transcendent function. London: Routledge and Kegan Paul, 1957.

JUNG, C. G. The archetypes and the collective unconsscious. London: Routledge and Kegan Paul, 1959.

JUNG, C. G. Os tipos psicológicos: definições eu e eu mes- mo (Self). Rio de Janeiro, RJ: Zahar, 1960.

LEACOCK, E. B. Prefácio. In: MORGAN, L. H. Ancient Socie- ty. Gloucester, MA: Meridian, 1974. p. 15.

LEAKEY, R.; LEWIN, R. E. Origens. São Paulo, SP: Melhora- mentos, 1981.

LEVI-STRAUSS, C. “História e etnologia” em antropologia estrutural. Rio de Janeiro, RJ: Biblioteca Tempo Universitário, 1975 p. 41.

MARX, K. Economic and philosophic manuscripts of 1844: critique of the hegelian dialectic and philosophy as a whole. London: Lawrence and Wishart, 1961.

MORGAN, L. H. Ancient Society. Gloucester, MA: Meridian, 1974. NEUMANN, E. The child. New York, NY: G. P. Putnam’s Sons, 1973.

NEUMANN, E. The moon and matriarchal consciousness. In: NEUMANN, E. et al. Fathers and mothers. Zurich: Spring, 1973.

NEUMANN, E. The origins and history of consciousness. London: Routledge and Kegan Paul, 1954.

NIETZSCHE, F. Der antichrist. Augsburg: Goldmann, 1964.

NIKLEM, N. On hysteria the mythical syndrome. New York, NY: Spring, 1974.

RASCOVSKI, A. El filicídio. Buenos Aires: Orion, 1973.

RIBEIRO, D. O Processo civilizatório. 3. ed. Rio de Janeiro, RJ: Civilização Brasileira, 1975.

Downloads

Publicado

12-02-2025

Como Citar

Byington, C. A. B. (2025). Uma teoria simbólica da história. O mito cristão como principal símbolo estruturante do padrão de alteridade na cultura ocidental. Junguiana, 37(1), 21–72. Recuperado de https://junguiana.sbpa.org.br/revista/article/view/191

Edição

Seção

Artigos