Sincronicidade: relações entre a obra junguiana e novas proposições teóricas

Autores

  • Eduardo Arruda Sautchuk Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
  • Michel Alexandre Fillus Pontifícia Universidade Católica do Paraná

Palavras-chave:

Sincronicidade, Complexidade, Emergência, Psicologia analítica

Resumo

A sincronicidade é um dos conceitos mais complexos e importantes da psicologia analítica. O presente artigo é uma revisão de literatura e objetiva apresentar o conceito a partir da visão junguiana clássica como alternativa ao paradigma da causalidade e, em seguida, mostrar novas contribuições de autores contemporâneos acerca do tema. Foram investigados possíveis diálogos entre a sincronicidade e outras áreas do conhecimento. Verificou-se que há uma linha de pensamento atual baseada na teoria de Sistemas Adaptativos Complexos (SACs), que permite uma importante mudança de perspectiva em relação ao fenômeno sincronístico. Além disso, contribuições sobre a noção de tempo dentro da sincronicidade e sobre as bases filosóficas da hipótese junguiana são expostas de maneira complementar a discussão. Conclui-se que a sincronicidade está além de uma improvável coincidência: pode representar um importante fator dinâmico na propriedade de emergência e de auto-organização da psique.

Biografia do Autor

Eduardo Arruda Sautchuk, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Mestrando em Psicologia Clínica pelo Núcleo de Estudos Junguianos da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

Michel Alexandre Fillus, Pontifícia Universidade Católica do Paraná

Doutor em Psicologia Clínica pelo Núcleo de Estudos Junguianos da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Professor do curso de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) e de cursos de Especialização.

Referências

ASSIS, T. A. et al. Geometria fractal: propriedades e características de fractais ideais. Revista Brasileira de Ensino de Física, São Paulo, v. 30, n. 2, p. 2304.1-2304.10, 2008. https://doi.org/10.1590/S1806-11172008000200005

ATMANSPACHER, H. 20th century variants of dual-aspect thinking. Mind & Matter, Exeter, v. 12, n. 2, p. 245-88, 2014b.

____ . Dual-aspect monism à la Pauli and Jung. Journal of Consciousness Studies, Exeter, v. 19, n.9/10, 96-120, 2012.

____ . Psychophysical correlations, synchronicity and meaning. Journal of Analytical Psychology, London, v. 59, n. 2, p. 181-8, abr. 2014a. https://doi.org/10.1111/1468-5922.12068

ATMANSPACHER, H.; FACH, W. A structural-phenomenological typology of mind-matter correlations. Journal of Analytical Psychology, London, v. 58, n. 2, 219-44, abr. 2013. https://doi.org/10.1111/1468-5922.12005

AUFRANC, A. L. B. A questão do sentido no mundo do acaso. Revista Junguiana, São Paulo, v. 27, n. 1, p. 41-50, nov. 2009.

BAK, P. How nature works: the science of self-organized criticality. New York, NY: Springer, 1996.

CAMBRAY, J. Enlightenment and individuation: syncretism, synchronicity and beyond. Journal of Analytical Psychology, London, v. 64, n. 1, p. 53-72, fev. 2019. https://doi.org/10.1111/1468-5922.12467

____ . Sincronicidade como emergência. In: CAMBRAY, J.; CARTER, L. (Orgs.). Psicologia analítica: perspectivas contemporâneas em análise junguiana. Petrópolis, RJ: Vozes, 2020, p. 318-53.

____ . Sincronicidade: natureza e psique num universo interconectado. 1. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.

____ . Synchronicity and emergence. American Imago, Baltimore, v. 59, n. 4, p. 409-34, jan./mar. 2002. https://doi.org/10.1353/aim.2002.0023

CAPRA, F. Ponto de mutação. 10. ed. São Paulo, SP: Cultrix, 1990.

CARNEIRO, M. V.; CHARRET, I. C. A criticalidade auto-organizada na pilha de areia. Revista Brasileira de Ensino de Física, São Paulo, v. 27, n. 4, p. 571-6, out./dez. 2005. https://doi.org/10.1590/S1806-11172005000400009

CONNOLLY, A. Bridging the reductive and the synthetic: some reflections on the clinical implications of synchronicity. Journal of Analytical Psychology, London, v. 60, n. 2, p. 159-78, 2015. https://doi.org/10.1111/1468-5922.12142

FERREIRA, N. S. A. As pesquisas denominadas estado da arte. Educação & Sociedade, Campinas, v. 23, n. 79, p. 257-72, ago. 2002. https://doi.org/10.1590/S0101-73302002000300013

GRAVINO, P. et al. Crossing the horizon: exploring the adjacent possible in a cultural system. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON COMPUTATIONAL CREATIVITY, 7. 2016. Proceedings… Paris: Sony CSL, 2016. p. 115-122. Disponível em: <http://www.computationalcreativity.net/iccc2016/wp-content/uploads/2016/01/Crossing-the-horizon.pdf>. Acesso em: 24 out. 2020.

HOGENSON, G. B. The Baldwin effect: a neglected influence on C. G. Jung’s evolutionary thinking. Journal of Analytical Psychology, London, v. 46, n. 4, p. 591-611, out. 2001. https://doi.org/10.1111/1465-5922.00269

____ . The self, the symbolic and synchronicity: virtual realities and the emergence of the psyche. Journal of Analytical Psychology, London, v. 50, n. 3, p. 271-84, jun. 2005. https://doi.org/10.1111/j.0021-8774.2005.00531.x

JUNG, C. G. Obra completa de C. G. Jung volume 8 parte 1: a energia psíquica. 14. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013a.

____ . Obra completa de C. G. Jung volume 14 parte 1: mysterium coniunctionis. 3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.

____ . Obra completa de C. G. Jung volume 8 parte 2: natureza da psique. 5. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.

____ . Obra completa de C. G. Jung volume 5: símbolos da transformação. 9. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013b.

____ . Obra completa de C. G. Jung volume 8 parte 3: sincronicidade: a dinâmica do inconsciente. 21. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.

JUNG, C. G.; PAULI, W. The interpretation of nature and psyche. New York, NY: Pantheon, 2012.

KIME, P. Synchronicity and meaning. Journal of Analytical Psychology, London, v. 64, n. 5, p. 780-97, nov. 2019. https://doi.org/10.1111/1468-5922.12546

MAIN, R. Revelations of chance: synchronicity as spiritual experience. Albany, NY: State University of New York, 2007.

MOURA, V. Learning from the patient: the East, synchronicity and transference in the history of an unknown case of C. G. Jung. Journal of Analytical Psychology, London, v. 59, n. 3, p. 391-409, jun. 2014. https://doi.org/10.1111/1468-5922.12088

PENNA, E. M. D. O paradigma junguiano no contexto da metodologia qualitativa de pesquisa. Psicologia USP, São Paulo, v. 16, n. 3, p. 71-94, set. 2004. https://doi.org/10.1590/S0103-65642005000200005

____ . Processamento simbólico arquetípico: pesquisa em psicologia analítica. São Paulo, SP: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2014.

PROGOFF, I. Jung, sincronicidade e destino humano. São Paulo, SP: Cultrix, 1990.

ROCHA FILHO, J. B. Física e psicologia: as fronteiras do conhecimento científico: aproximando a física e a psicologia junguiana. 5. ed. Porto Alegre, RS: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2014.

ROESLER, C.; ATMANSPACHER, H. Part 5: synchronicity. In: ROESLER, C. (Ed.). Research in analytical psychology: empirical research. New York, NY: Routledge, 2018.

ROXBURGH, E. C. et al. Synchronicity in the therapeutic setting: a survey of practitioners. Counselling and Psychoterapy Research, Leicestershire, v. 16, n. 1, p. 44-53, mar. 2016. https://doi.org/10.1002/capr.12057

SACCO, R. G. The Fibonacci life-chart method (FLCM) as a foundation for Carl Jung’s theory of synchronicity. Journal of Analytical Psychology, London, v. 61, n. 2, p. 203-22, abr. 2016. https://doi.org/10.1111/1468-5922.12204

SAMUELS, A. Novos desenvolvimentos do campo pós- junguiano. In: YOUNG-EISENDRATH, P.; DAWSON, T. Compêndio da Cambridge sobre Jung. São Paulo, SP: Madras, 2011. p. 47-63.

SAUNDERS, P; SKAR, P. Archetypes, complexes and self-organization. Journal of Analytical Psychology, London, v. 46, n. 2, p. 305-323, abr. 2001. https://doi.org/10.1111/1465-5922.00238

STEIN, M. Jung: o mapa da alma: uma introdução. 5. ed. São Paulo, SP: Cultrix, 2006.

VON FRANZ, M. L. Number and time: reflections leading towards a unification of depth psychology and physics. Evanston, IL: Northwestern University, 1974.

____ . Seu mito em nossa época. São Paulo, SP: Cultrix, 1992.

YIASSEMIDES, A. Chronos in synchronicity: manifestations of the psychoid reality. Journal of Analytical Psychology, London, v. 56, n. 4, p. 451-70, set. 2011. https://doi.org/10.1111/j.1468-5922.2011.01923.x

YIN, R. K. Pesquisa qualitativa do início ao fim. Porto Alegre, RS: Penso, 2016.

Publicado

02-02-2020

Como Citar

Sautchuk, E. A., & Fillus, M. A. (2020). Sincronicidade: relações entre a obra junguiana e novas proposições teóricas. JUNGUIANA , 38(1), 103–120. Recuperado de https://junguiana.sbpa.org.br/revista/article/view/38

Edição

Seção

Artigos