Música: uma possível ampliação de recursos no setting analítico

Autores

  • Julio César Nunes Ito

Palavras-chave:

Música, psicologia analítica, inconsciente, imagem, Jung

Resumo

Num movimento de resgate do valor terapêutico da música, este artigo procura ampliar as possibilidades de recursos a serem trabalhados no setting clínico junguiano. Através de uma revisão de literatura da psicologia analítica, percebeu-se uma carência de material relacionado à música como um recurso terapêutico. A partir deste ponto, são apresentadas algumas reflexões de como a música e o inconsciente podem se relacionar pela perspectiva da psicologia analítica. A experiência pessoal de C. G. Jung com a música, as relações entre música e imaginação ativa, música e neurociências, assim como algumas implicações da utilização desta arte no setting analítico são discutidas neste trabalho. Inserindo a música na clínica junguiana, ela apresentou-se propícia a: estimular a função transcendente, favorecendo a evocação de imagens da psique; rebaixar as defesas egoicas; complementar o trabalho como uma linguagem não verbal e a induzir ao relaxamento, auxiliando a passagem para um estado alterado de consciência, enriquecendo assim o trabalho terapêutico com material simbólico-musical.

Biografia do Autor

Julio César Nunes Ito

Psicólogo, psicoterapeuta de orientação junguiana. Graduado em Psicologia pelo Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU).

Referências

ALEIXO, M. A. R.; SANTOS, R. L.; DOURADO, M. C. N. Efficacy of music therapy in the neuropsychiatric symptoms of dementia: systematic review. Jornal Brasileiro de Psiqui- atria, Rio de Janeiro, v. 66, n. 1, p. 52–61, jan./mar. 2017. doi: http://dx.doi.org/10.1590/0047-2085000000150.

ASHTON, P. W. Music, mind, and psyche. In: ASHTON, P.; BLOCH, S. (Ed.). Music and psyche: contemporary psychoanalytic explo-

rations. New Orleans: Spring, 2010. cap. 8, p. 121-42.

BARCELLOS, G. Jung, junguianos e arte: uma breve apre- ciação. Pro-Posições, v. 15, n. 1, p. 27-38, jan./abr. 2004.

BARCELLOS, G. Psique e imagem: estudos de psicologia arquetípica. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.

BRANDÃO, J. S. Mitologia grega. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997. v. 2.

BUSH, C. A. A música e a terapia das imagens: caminhos para o eu interior. Tradução Afonso Teixeira Filho. São Paulo: Cultrix, 1999.

FREUD, S. O Moisés de Michelangelo. In: FREUD, S. Totem e tabu: contribuição à história do movimento psicanalítico e outros textos (1912-1914). Rio de Janeiro: Imago, 1995. p. 213-39. (Obras completas de Sigmund Freud, v. 11).

GRIMAL, P. Dicionário da mitologia grega e romana. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2014.

GROF, S.; BENNETT, H. Z. The Holotropic mind: the three levels of human consciousness and how they shape our lives. San Francisco, CA: HarperSanFrancisco, 1992.

HILLMAN, J. A função sentimento. In: VON FRANZ, M.-L.; HILLMAN, J. A tipologia de Jung: ensaios sobre a psicologia analítica. São Paulo: Cultrix, 1990, p. 107-216.

HILLMAN, J. Re-vendo a psicologia. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.

JACOBI, J. S. Complexo, arquétipo e símbolo na psicologia de C. G. Jung. São Paulo: Cultrix, 1986.

JACOBY, M. An e-mail interview with Mario. In: ASHTON, P.; BLOCH, S., eds. Music and psyche: contemporary psychoana- lytic explorations. New Orleans: Spring, 2010. cap. 4, p. 67-76.

JUNG, C. G. Tipos psicológicos. Petrópolis, RJ: Vozes, 1991. (Obras completas de C. G. Jung, v. 6).

JUNG, C. G. Cartas de C. G. Jung: 1946-1955. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. v. 2.

JUNG, C. G. A natureza da psique. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011a. (Obras completas de C. G. Jung, v. 8/2).JUNG, C. G. Estudos alquímicos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011b. (Obras completas de C. G. Jung, v. 13).

JUNG, C. G. O espírito na arte e na ciência. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011c. (Obras completas de C. G. Jung, v. 15).

JUNG, C. G. Mysterium Coniunctionis: Rex e Regina: Adão e Eva: A conjunção. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011d. (Obras completas de C. G. Jung, v. 14/2).

JUNG, E. Animus e anima. São Paulo: Cultrix, 2006. KRAEMER D. J. M.; MACRAE C. N.; GREEN A. E.; KELLEY

W. M. Musical imagery: sound of silence activates auditory cortex. Nature, v. 434, n. 7030, p. 158, 2005. doi:https://doi.org/10.1038/434158a.

KROEKER, J. Archetypal music psychotherapy: bridging the gap between counselling and the creative expressive arts. Insights into Clinical Counselling. p. 12-14, Dec. 2013.

LEÃO, E. R.; SILVA, M. J. P. Música e dor crônica múscu- loesquelética: o potencial evocativo de imagens mentais. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 12, n. 2, p. 235–241, abr. 2004. https://doi.org/10.1590/S0104-11692004000200013.

MATTA, R. M. A utilização da terapia do sandplay no tratamen- to de crianças com transtorno obsessivo-compulsivo. Boletim de Psicologia, v. 57, n. 127, p. 153-64, dez. 2007. Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttex-t&pid=S0006-59432007000200004&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 31 ago. 2017.

SACKS, O. Musicophilia: tales of the music and the brain. New York, NY: Alfred A. Knopf, 2007.

SAKAMOTO, M.; ANDO, H.; TSUTOU, A. Comparing the effects of different individualized music interventions for elderly individuals with severe dementia. Interna- tional Psychogeriatrics, v. 25, n. 5, p. 775-84, 2013. https://doi.org/10.1017/S1041610212002256.

SKAR, P. Music and analysis: contrapuntal reflections. In: MAT- TOON, M. A. (Ed.). Zurich 95: open questions in analytical psychology. Einsiedeln: Daimon Verlag, 1997. p. 389-403.

TILLY, M. The Therapy of Music. In: MCGUIRE, W.; HULL, R. F. C. (Ed.). C. G. Jung Speaking. Princeton: Princeton University Press, 1977, p. 273-5.

VON BARANOW, A. L. Musicoterapia: uma visão geral. Rio de Janeiro: Enelivros, 1999.

Downloads

Publicado

02-02-2018

Como Citar

Ito, J. C. N. (2018). Música: uma possível ampliação de recursos no setting analítico. Junguiana, 36(1), 9–18. Recuperado de https://junguiana.sbpa.org.br/revista/article/view/241

Edição

Seção

Artigos