Do pacto narcísico da branquitude à corresponsabilidade: um olhar para o complexo cultural racial
Palavras-chave:
racismo, complexo cultural, clínica psicológica, psicologia analíticaResumo
Este artigo propõe uma revisão crítica acerca das questões raciais no Brasil e suas relações com a psicologia junguiana e pós-junguiana. Iniciamos com um breve resgate histórico. Em seguida, trouxemos alguns debates contemporâneos sobre o tema, identificando as principais publicações da psicologia pós-junguiana e suas relações com a clínica. A ideia de complexo cultural abre importantes chaves de compreensão, bem como algumas colocações da escola arquetípica sobre o assunto. Constata-se um forte complexo racial presente na vida psicológica brasileira, que perpassa o atendimento psicoterápico. Conclui-se a fundamental importância da escuta do múltiplo diante das tendências a um discurso homogêneo presente atualmente, de forma mais ou menos direta e violenta.
Referências
ADAMS, M. V. The multicultural imagination: “race”, color and the unconscious. London: Routledge, 1996.
BENTO, M. A. S. Branqueamento e branquitude no Brasil. In: CARONE, I.; BENTO, M. A. S. (Orgs.). Psicologia social do racismo: estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil. Petrópolis: Vozes, 2014. p. 25-58.
BREWSTER, F. Africans americans and junguian psychology: leaving the shadows. London: Routledge, 2017.
____ . Archetypal grief: slavery´s lagacy of intergenera- tional child loss. London: Routledge, 2018.
____ . The Racial Complex: a jungian perspective on culture and race. London: Routledge, 2019.
BUCK, V. V. A alma ancestral africana bate à porta dos con- sultórios de análise: estaremos prontos para recebê-la? In: BOECHAT, W. A alma brasileira: luzes e sombra. Petrópolis: Vozes, 2014. p. 194-215.
DALAL, F. Jung: a racist. British Journal of Psychotherapy, London, v. 4, n. 3, p. 263-79, mar. 1988. https://doi.org/10.1111/j.1752-0118.1988.tb01028.x
ESTEVES, J. H.; TANCETTI, B. O racismo como complexo cultural brasileiro: uma revisão a partir do feminismo decolonial. Junguiana, São Paulo, v. 38, n. 2, p. 49-62, jul./dez. 2020.
HILLMAN, J. Notes on white supremacy: essaying an arche- typal account of historical events. Spring, p. 29-58, 1986.
____ . Cidade e alma. São Paulo: Studio Nobel, 1993.
____ . O sonho e o mundo das trevas. Petrópolis: Vozes, 2013.
IANI, O. O preconceito racial no Brasil: entrevista de Octavio Ianni. Estudos Avançados, São Paulo, v. 18, n. 50, pp. 6-20, 2004.https://doi.org/10.1590/S0103-40142004000100002
JUNG, C. G. A vida simbólica. Petrópolis: Vozes, 1998. (Obras completas de C. G. Jung; v. 18, n. 1).
____ . Civilização em transição. Petrópolis: Vozes, 2000. (Obras completas de C. G. Jung; v. 10)
____ . Memories, dreams, reflections. New York: Vintage Books, 1965.
____ . Tipos psicológicos. Petrópolis: Vozes, 2013. (Obras Completas de C.G. Jung; v. VI).
KILOMBA, G. Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Cobogó, 2019.
KIMBLES, S. Phantom narratives: the unseen contributions of culture to psyche. Lanham: Rowman & Littlefield, 2014.
LU, K. Racial hybridity: jungian and post-jungian perspectives. International Journal of Jungian Studies, Hoboken, v. 12, p. 11-40, 2020. https://doi.org/10.1163/19409060-01201006
MORGAN, H. Exploring racism. Journal of Analytical Psychology, Oxford, v. 47, n. 4, p. 567-81, out. 2002. https://doi.org/10.1111/1465-5922.00347
MOTA, B. C. Na teia do racismo: trauma coletivo e complexo cultural... marcas do Brasil negro! 2019. 188 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Instituto de Educação, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, 2019.
NOVAIS, F. A. Condições da privacidade na colônia.
In: SOUZA, L. M. (Org.). História da vida privada no Brasil vol. 1: cotidiano e vida privada na América portuguesa. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. p. 8-24.
PARISE, C. L; SCANDIUCCI, G. Arkhés africanas e a descolonização da psicologia: a clínica como quilombos imaginais. In: OLIVEIRA, H.; GUI, R. T.; BRAGARNICH, R. (Orgs). O insaciável espírito da época. Petrópolis: Vozes, 2021. p. 141-71.
SAMUELS, A.; SHORTER, B.; PLAUT, F. Dicionário crítico de análise junguiana. Rio de Janeiro: Imago, 1998.
SCANDIUCCI, G. Racismo: marcas de um potente complexo cultural no Brasil. In: PERRONE, P.; VALLADA, C. Ideias e afetos: a clínica dos complexos. São Paulo: Satva, 2018. p. 67-78.
SCHUCMAN, L. V. Sim, nós somos racistas: estudo psicossocial da branquitude paulistana. Psicologia & Sociedade, Belo Horizonte, v. 26, n. 1, p. 83-94, abr. 2014. https://doi.org/10.1590/S0102-71822014000100010
SINGER, T.; KIMBLES, S. A teoria emergente dos complexos culturais. In: CAMBRAY, J.; CARTER, L. (Orgs.). Psicologia analítica: perspectivas contemporâneas em análise junguia- na. Petrópolis: Vozes, 2020. p. 254-91.
TRINIDAD, C. T. Identificação étnico-racial na voz de crianças em espaços de educação infantil. 2011. 210 f. Tese (Doutorado em Educação, Psicologia da Educação) – Pontifí- cia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2011.
YOUNG-EISENDRATH, P. The absence of Black Americans as Jungian analysts. Quadrant: Journal of the C. G. Jung Foundation for Analytical Psychology, New York, v. 20, n. 2, p. 41-53, 1987.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.