Uma explicação arquetípica da crucificação de Jesus pela teoria arquetípica da história

Autores

  • Carlos Amadeu Botelho Byington Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica

Palavras-chave:

Nomadismo, Arquétipo matriarcal, Sociedades assentadas, Arquétipo patriarcal, Metanoia, Arquétipo da alteridade, Arquétipos da anima e do animus, Crucificação

Resumo

Minha teoria arquetípica da história (BYINGTON, 1983) segue os passos de Bachofen e de Neumann com a modificação do conceito do arquétipo matriarcal para o arquétipo da sensualidade, e do arquétipo patriarcal para o arquétipo da organização, ambos presentes na psique da mulher, do homem e do Self cultural (BYINGTON, 2013). Essa teoria descreve a dominância matriarcal durante a vida nômade dos primeiros 140 mil anos da história (WATSON, 2003) e a dominância patriarcal iniciada após a revolução agropastoril, mais de 12 mil anos atrás, quando nos tornamos povos assentados. A seguir, marcada pelos mitos do Buda, há 2.500 anos, e do Cristo, há 2 mil anos, essa teoria descreve o início da implantação mitológica e civilizatória do arquétipo da alteridade, cujos heróis messiânicos pregam a elaboração dos confrontos humanos pela dialética da compaixão. Finalizando, o artigo elabora a dificuldade da transcendência da dominância do arquétipo patriarcal para a implantação do arquétipo da alteridade. Concluindo, o autor tenta explicar a razão para Jesus não haver evitado Sua crucificação na implantação da missão heroica para transformar o deus patriarcal, do Velho Testamento, na Trindade, do Novo Testamento.

Biografia do Autor

Carlos Amadeu Botelho Byington, Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica

Médico, psiquiatra e analista junguiano. Membro fundador da Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica. Membro da Associação Internacional de Psicologia Analítica. Criador da psicologia simbólica junguiana. Educador e historiador.

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Publicado

12-07-2016

Como Citar

Byington, C. A. B. (2016). Uma explicação arquetípica da crucificação de Jesus pela teoria arquetípica da história. JUNGUIANA , 34(2), 37–48. Recuperado de https://junguiana.sbpa.org.br/revista/article/view/273

Edição

Seção

Artigos