Entre a ordem e a desordem: leitura do conto “O papel de parede amarelo” de Charlotte Perkins Gilman

Autores

  • Marcia Moura Coelho Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica. Associação Internacional de Psicologia Analítica.

Palavras-chave:

psicologia analítica, literatura, gênero, saúde mental, Charlotte Perkins Gilman

Resumo

O artigo parte de dois textos da escritora Charlotte Perkins Gilman, o conto O papel de parede amarelo, de 1892 e o depoimento Porque escrevi O papel de parede amarelo, de 1913. Neste, a autora relata sua experiência prévia e insatisfatória com um tratamento médico que inspirou a criação do conto. A escolha desta narrativa literária se fez, não somente por suas qualidades, como também pela intersecção com o tema da desigualdade de gênero na saúde mental e no tratamento dirigido à mulher, direcionado pela ideologia de gênero. A partir do contexto histórico, aponta-se o surgimento da psicologia profunda e de perspectivas psicológicas no tratamento das doenças mentais e a importância do desenvolvimento do pensamento junguiano em diálogo com outras áreas de conhecimento, como estudos sociais, feministas e literários. Afora o aspecto histórico e social, o artigo faz uma leitura psicológica do conto, ressaltando aspectos e temáticas conflitivas e símbolos alquímicos presentes nesta narrativa que, passados mais de um século, continua nos assombrando.

Biografia do Autor

Marcia Moura Coelho, Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica. Associação Internacional de Psicologia Analítica.

Psiquiatra, membro analista da Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica de São Paulo (SBPA-SP) e filiada à International Association for Analytical Psychology (IAAP).

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Publicado

05-07-2022

Como Citar

Coelho, M. M. (2022). Entre a ordem e a desordem: leitura do conto “O papel de parede amarelo” de Charlotte Perkins Gilman. JUNGUIANA , 40(3), 147–158. Recuperado de https://junguiana.sbpa.org.br/revista/article/view/216

Edição

Seção

Artigos